Foro de São Paulo (FSP) é uma organização criada em 1990 a partir de um seminário internacional promovido pelo Partido dos Trabalhadores do Brasil,1 juntamente com o cubano Fidel Castro, que convidaram outros partidos e organizações de esquerda da América Latina e do Caribe para discutir alternativas às políticas neoliberais dominantes na América Latina durante a década de 19902 3 e promover a integração econômica, política e cultural da região.
Segundo a organização, atualmente mais de 100 partidos e organizações políticas participam dos encontros. As posições políticas variam dentro de um largo espectro, que inclui partidos social-democratas, extrema-esquerda, organizações comunitárias, sindicais e sociaisligados à esquerda católica, grupos étnicos e ambientalistas, organizações nacionalistas, partidos comunistas.
A primeira reunião do Foro foi realizada em São Paulo. Desde então, o Foro tem acontecido a cada um ou dois anos, em diferentes cidades:Manágua (1992), Havana (1993), Montevidéu (1995), San Salvador (1996), Porto Alegre (1997), Cidade do México (1998), Manágua (2000), Havana (2001), Antígua (2002), Quito (2003), São Paulo (2005), San Salvador (2007), Montevidéu (2008), Cidade do México (2009), Buenos Aires (2010), Manágua (2011), Caracas (2012) e São Paulo (2013).
A ideia do Foro de São Paulo surgiu em julho de 1990, durante uma visita feita por Fidel Castro a Lula em São Bernardo do Campo e foi formalizada quando 48 organizações, partidos e frentes de esquerda da América Latina e do Caribe, atendendo o convite do Partido dos Trabalhadores, reuniram-se na cidade de São Paulo visando debater a nova conjuntura internacional pós-queda do Muro de Berlim (1989), elaborar estratégias para fazer face ao embargo dos Estados Unidos a Cuba.
No encontro seguinte, realizado na Cidade do México, em 1991, com a participação de 68 organizações e partidos políticos de 22 países, examinou-se a situação e a perspectiva da América Latina e do Caribe frente à reestruturação hegemônica internacional. Na ocasião, consagrou-se o nome "Foro de São Paulo".4
Os objetivos iniciais do Foro de São Paulo estão expressos na "Declaração de São Paulo",5 documento final que foi aprovado no primeiro encontro, na cidade de São Paulo, em 1990. O texto deste documento ressalta que o objetivo do foro é aprofundar o debate e procurar avançar com propostas de unidade de ação consensuais na luta anti-imperialista e popular, promover intercâmbios especializados em torno dos problemas econômicos, políticos, sociais e culturais que a esquerda continental enfrenta. A declaração propõe renovar o pensamento de esquerda e do socialismo, reafirmando seu caráter emancipador, corrigindo concepções errôneas, superando toda expressão deburocratismo e toda ausência de uma verdadeira democracia social e de massas
Para aqueles que ratificaram a Declaração de São Paulo, a mais autêntica democracia é representada pelo socialismo e pelo desenvolvimento de vastas forças sociais, democráticas e populares, que se oponham aos mandados do imperialismo e do capitalismo neoliberal no continente Latino-Americano, pois defendem que as alternativas socialistas tem melhores condições de alcançar uma sociedade livre, justa e soberana. Eles rejeitam, justamente por isso, toda pretensão de aproveitar as crises econômicas para "encorajar a restauração capitalista, anular as conquistas e direitos sociais ou alentar ilusões nas inexistentes bondades do liberalismo e do capitalismo"6 .
A proposta constante na Declaração de São Paulo é de reafirmação da soberania e autodeterminação da América Latina e das nações participantes, também propõe a plena recuperação de sua identidade cultural e histórica e um Impulso à solidariedade interna. A declaração supõe defender o patrimônio latino-americano, colocar fim à fuga e exportação de capitais do subcontinente, encarar conjunta e unitariamente a questão da dívida externa, adotando políticas econômicas em benefício das maiorias, políticas que acreditam ser capazes de combater a situação de miséria em que vivem boa parte dos latino-americanos. De acordo com os proponentes, isso exige um compromisso ativo com a vigência dos direitos humanos, da democracia e da soberania popular como valores estratégicos, colocando as forças de esquerda, socialistas e progressistas frente aos desafios de renovar constantemente o seu pensamento e a sua ação.
Por fim, a Declaração diz encontrar "a verdadeira face do Império" nas renovadas agressões à Cuba e também à Revolução Sandinista na Nicarágua, no aberto intervencionismo e apoio ao militarismo em El Salvador, na invasão e ocupação militar norte-americana do Panamá, nos projetos e passos dados no sentido de militarizar zonas andinas da América do Sul sob o pretexto de lutar contra o “narcoterrorismo”. Assim, eles reafirmam sua solidariedade em relação à revolução cubana e à Revolução Sandinista, e também seu apoio em relação às tentativas de desmilitarização e de solução política da guerra civil de El Salvador, além de se solidarizarem com o povo panamenho e com os povos andinos que "enfrentam a pressão militarista do imperialismo".7
No II Encontro (no México, em 1991), surgiu a ideia de o Foro de São Paulo trabalhar também por maior integração continental, por meio do intercâmbio de experiências, da discussão das diferenças e da busca de consenso para ação entre as esquerdas. Os encontros seguintes reafirmam esta disposição para o diálogo entre as esquerdas, ao mesmo tempo em que — no cenário continental — cresceu a influência dos partidos participantes do Foro de São Paulo na política latino-americana, uma vez que houve a eleição de presidentes afinados com suas visões em vários países.
Um dos temas centrais previstos para o encontro do Foro de São Paulo em Montevidéu (dias 22 a 25 de maio de 2008) foi a reivindicação de renegociação do tratado de criação da Usina Hidrelétrica de Itaipu Binacional. O presidente do Paraguai, Fernando Lugo de esquerda, é membro do Foro de São Paulo e deseja aumentar a receita paraguaia proveniente da Usina de Itaipu, fixada no tratado de constituição da hidroeléctrica, de 1973.
Em Janeiro de 2010, o Partido da Esquerda Europeia - uma coalizão ampla de partidos de esquerda na Comunidade Económica Europeia - expressou na abertura de seu terceiro congresso seu interesse em estreitar os laços com o Foro de São Paulo.8
A reunião do Foro de São Paulo, que ocorreu em 2010 na capital argentina, faz críticas ao neoliberalismo e os Estados Unidos. O Foro recomendou que os países latino-americanos levem à ONU o debate sobre a autodeterminação e a independência da população de Porto Rico.9
Organização[editar | editar código-fonte]
O Foro funcionou sem um grupo executivo apenas na sua primeira edição. No segundo encontro, realizado na cidade do México, em 1991, foi criado um grupo de trabalho encarregado de "consultar e promover estudos e ações unitárias em torno dos acordos do Foro". Já na reunião realizada em Montevidéu (1995), foi criado o Secretariado Permanente do FSP. Essas instâncias têm sua composição decidida a cada encontro e já foram integradas por organizações como: Partido dos Trabalhadores; Izquierda Unida(Peru); Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional de esquerda (El Salvador); Frente Sandinista de Libertação Nacional de esquerda (Nicarágua); Partido Comunista de Cuba; Frente Ampla do Uruguai de esquerda; Partido da Revolução Democrática de esquerda (México); Movimiento Lavalás de esquerda (Haiti) e Movimiento Bolivia Libre de esquerda.
No governo[editar | editar código-fonte]
Os seguintes países são governados por líderes e partidos membros do Foro de São Paulo:
Bolívia - Evo Morales (Movimento para o Socialismo)
Brasil - Dilma Rousseff (Partido dos Trabalhadores)
Chile - Michelle Bachelet (Partido Socialista do Chile)
Cuba - Raúl Castro (Partido Comunista de Cuba)
Dominica - Roosevelt Skerrit (Partido Trabalhista da Dominica)
República Dominicana - Danilo Medina (Partido de Libertação Dominicana)
Equador - Rafael Correa (Alianza País)
El Salvador - Salvador Sánchez Cerén (Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional)
Nicarágua - Daniel Ortega (Frente Sandinista de Libertação Nacional)
Peru - Ollanta Humala (Partido Nacionalista Peruano)
Uruguai - Tabaré Vázquez (Frente Ampla)
Venezuela - Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela)
Como principal partido de oposição[editar | editar código-fonte]
Os seguintes países tem membros do Foro de São Paulo como principais partido de oposição em seus parlamentos e/ou foram a segunda força eleitoral em eleições passadas:
Nenhum comentário:
Postar um comentário